A determinação do início do movimento dos sedimentos, em geral designado por movimento incipiente, é essencial na avaliação do transporte sedimentar. O movimento incipiente corresponde ao movimento das partículas que anteriormente estavam em repouso e que, subsequentemente, rolam, saltam ou deslizam. O conhecimento das condições para as quais se verifica o início do movimento das partículas reveste-se de enorme importância no estudo da morfologia fluvial, uma vez que é um mecanismo fundamental no transporte sedimentar.

No entanto, apesar da importância em definir as condições para as quais se observa o início do movimento dos sedimentos, não existe uma definição universalmente aceite, devido não só a natureza aleatória do processo, mas também à dificuldade em definir um critério que consiga traduzir esta característica. Para muitos investigadores o início do movimento é um processo determinístico, podendo ser definido um valor crítico específico. Normalmente, os critérios baseados nesta abordagem são apresentados na forma de equações e gráficos, os quais relacionam as diferentes condições críticas do escoamento com características dos sedimentos. Em oposição, alguns autores defendem que os sedimentos iniciam o seu movimento para valores inferiores ao crítico, sugerindo uma abordagem estocástica ao problema.

Neste trabalho apresenta-se uma revisão dos vários critérios para a determinação das condições críticas para o início do movimento dos sedimentos que surgiram ao longo do tempo. Nesta análise, destacam-se as bases teóricas assumidas na formulação dos critérios, bem como as suas limitações. É também apresentada uma análise comparativa dos diferentes critérios, identificando as principais diferenças entre eles.